Escola: empresa ou centro de ensino?

Como é de meu costume, quando vou falar de um tema, procuro sempre consultar meus amigos (os dicionários).

Escola: Alguns alunos (e pais) podem até duvidar, mas antigamente a escola era encarada como uma bela diversão. Na Grécia Clássica, estudar era uma atividade possível apenas para aqueles privilegiados que não precisavam trabalhar. Daí que o nome scholé, depois schola no latim, designava lazer, descanso ou alguma atividade feita na hora do descanso, como… estudar! Do que se fazia nessa hora derivou o local onde as pessoas se divertiam, quer dizer, estudavam. Portanto, quando fazemos da sala de aula um lugar prazeroso, estamos, de fato, retornando às origens. https://www.dicionarioetimologico.com.br/escola-liceu/

         Para fazer de uma sala de aula um lugar prazeroso, primeiramente devemos ter pessoas que desejem estar nesse lugar ao mesmo tempo, e com o espírito de procurar encontrar prazer no que estão fazendo. Isto requer professores descansados e preparados, que tenham tido a possibilidade de preparar suas aulas pensando nas necessidades acadêmicas de seus alunos, e não estar com a mente ocupada pensando em como irão pagar suas contas no fim do mês. Por outro lado, será necessário contar com alunos bem-dispostos e entusiasmados com o desafio diário de adquirir novos conhecimentos. Crianças, adolescentes e jovens ávidos pelo crescimento intelectual que vão adquirir nesse dia. Eles são produto de uma boa criação nos seus lares, onde lhes foi inculcado o desejo de aprender e a consciência da oportunidade que a vida lhes está dando por poder frequentar uma instituição de ensino.

         Olhando nossa realidade e dos países que estão no primeiro ranking da educação mundial, podemos observar que não é uma utopia o que estou falando, Finlândia, Coreia do Sul têm demostrado que é possível. Acredito que o principal motivo de estarmos nos últimos lugares dos países ranqueados deve-se a falta de exemplo. Como podemos aprender de nossos pais e de nossos professores quando eles não nos ensinam através do exemplo. Falar é fácil, ser exemplo é difícil. Transmitir conhecimentos falando é simples, o problema começa quando aparece uma pergunta fantástica que demonstra o interesse do aluno. Por quê?

         Assim como uma criança de dois ou três anos que está aprendendo a conectar-se com o mundo à sua volta para aprender a compreendê-lo, só deixa de fazer essa pergunta quando fica satisfeita, os indivíduos que estão em processo de aprendizagem também a utilizam até que recebem a primeira negativa do professor. Agora não. Não entendeu? Como é possível que não entenda? Está prestando atenção? E outras similares. Dar o exemplo e responder todas e quaisquer porque que nos seja perguntado. Assim como um exército que somente pode avançar a velocidade do soldado mais lento, uma sala de aula pode avançar na educação de seus alunos de acordo à capacidade do mais lento dos estudantes. Nunca podemos fazer que isto fique evidente, principalmente porque à vida me tem ensinado que ninguém é melhor que outro, principalmente em sala de aula. Uns são melhores numa área, outros em outra. Criar um espírito de cooperação entre os estudantes em lugar de competição é o melhor caminho para melhorar nossa educação.

         Será que num país como o nosso no qual as escolas públicas estão cada dia mais esquecidas e as privadas são administradas como empresas, nas quais somente se procura o lucro poderemos algum dia avançar no ranking internacional da educação?

         Educação é mais importante que os lucros? Os investimentos em educação são válidos? Esses investimentos são adequadamente aplicados? O que podemos fazer cada um de nós para melhorar a educação em nosso Brasil?

E você que opina?

6 Comments

  1. José Mário de Alencar Pimentel Duarte said:

    Ricardo amigo,sua crônica muito boa,retrata um estado de qualidade dos alunos,dispostos e animados a receber do grande mestre com carinho todos os ensinamentos de maneiras bem diferentes daqueles que aqui se faz.A nossa realidade educacional é retrógrada,sem futuro próximo.Minha mãe “Letícia”,grande educadora na sua época já havia planejado um Encino diferenciado,fundando um Mine BANCO no próprio colégio para ministrar aulas aos alunos como lidar com o comércio e a economia de nosso país.Depois foi pioneira na educação sexual das crianças o que não foi bem entendida na época por grande parte dos pais dos alunos,e tantas outras idéias que tentou implantar sem a aceitação daqueles que diziam,que queriam o melhor para seus Filhos.E isto aí,realizar qualquer coisa na EDUCAÇÃO NO NOSSO PAIZ É COISA QUE DESANIMA BASTANTE.O quadro negro,substituído hoje pelo Computador não muda a meu ver coisa alguma no progresso da educação.Precisa-se de vontade política,se não nem daqui a cem anos conseguiremos fazer para os nossos alunos uma coisa agradável que eles possam se interessar prazeirozame te em aprender.

    10 de junho de 2019
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    • Você está totalmente certo meu amigo. O ensino já não é o que era nos tempos da sua Senhora mãe.
      Talvez, algum dia possamos voltar a ter escolas nas quais a prioridade seja a educação e não os lucros.
      Um abraço.
      Ricardo

      13 de junho de 2019
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  2. Robson said:

    Ser pedagogo, no Brasil, é realmente um desafio, pois, como bem disse o amigo Mesquita, “enfrentar uma sociedade deturpada, equivocada sem valores morais nem princípios como podemos observar a cada dia, instante, a cada situação” não é fácil.

    Daí a minha admiração por quem assume essa tarefa hercúlea.

    Agora, a escola, ah… é uma delícia. Saudades…

    Robson

    7 de junho de 2019
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    • Meu amigo Robson: Comparti com meus alunos um vídeo, no qual um professor fala: “Não existe método de ensino que
      supere à vontade de aprender”. Talvez o que falte nas nossas escolas seja aquilo que nossas gerações sempre tiveram,
      o incentivo e encorajamento de nossos pais sobre o estudo. Ir a escola era uma prazer porque assim nossos pais nos diziam.
      As notas eram nossa responsabilidade e não responsabilidade dos professores o da escola. Nestas últimas décadas tem-se
      produzido uma inversão de valores.
      Ah…, que tempos em que a escola era um de nossos divertimentos.
      Ricardo

      9 de junho de 2019
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  3. Mesquita said:

    Caro professor, agora sua crônica nos leva a adentrar no campo da pedagogia que nos dias atuais no nosso país é muito complicado como você muito bem expõe. Muitos certamente não sabem que na antiguidade o pedagogo era o escravo que acompanhava as crianças a escola, hoje é a pessoa que ensina, mestre, professor. Ser pedagogo é ter coragem para enfrentar uma sociedade deturpada, equivocada sem valores morais nem princípios como podemos observar a cada dia, instante, a cada situação. Ser pedagogo hoje no Brasil é preciso conhecer muito bem o caminho a trilhar para poder atingir seus objetivos e suas metas em prol dessa mesma sociedade. Forte abraço, Mesquita

    5 de junho de 2019
    Reply
    • Caro amigo, você sempre abrindo caminhos para minhas crônicas. Quem sabe numa próxima falaremos sobre o papel do pedagogo.
      Um forte abraço.
      Ricardo

      6 de junho de 2019
      Reply

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