Disciplina e educação (Crônica escrita em 09/01/2007) – Tudo continua igual

Como professor encontro dificuldades em compreender o que o governo quer fazer, através do seu Ministério de Educação, com este tema. Parece que há uma falta de compreensão semântica destas palavras, como se uma fosse inimiga da outra. Vejo a dificuldade com que meus colegas e eu vivemos em entender esta dicotomia de significados. Em minha opinião não há significados opostos, mas complementares. Acredito que o problema vem da interpretação equivocada do ECA (Estatuto da criança e do adolescente). Este estatuto foi criado com a intenção de proteger às crianças e adolescentes que possam ser prejudicados pelos preconceitos sociais e econômicos da sociedade brasileira. O professor não pode isto, não deve fazer aquilo, e quando há numa sala de aula quarenta alunos e dois ou três deles têm um comportamento inadequado, fica sem meios de ação corretiva para manter a disciplina.
Minhas perguntas são as seguintes: Será que os outros trinta e poucos alunos também não são protegidos pela lei? Por que um professor perde tanto tempo controlando um grupo de partidários do “bulling”, em lugar de poder ensinar aqueles que querem aprender? Por que os colégios sentem tanto medo em ter uma posição mais firme nesta área?
Algumas das minhas sugestões, que não sei se estão de acordo com o “ECA”, mas que parecem lógicas:
1.- Que cada colégio e / ou escola tivesse um representante do juizado de menores para estabelecer os limites de quando uns poucos prejudicam a uma maioria, sem que o colégio ou os professores corram o risco de serem processados e /ou denunciados como criminosos.
2.- Que se possa exigir aos pais dos alunos com problemas de conduta que frequentem as reuniões de pais e as convocações feitas pelas escolas, nas quais o representante do “ECA” estaria presente.
3.- Que o governo estabelecesse uma sequência de procedimentos que permitissem disciplinar (educar) aqueles alunos que necessitassem deste apoio, para suprir o que talvez não tenham em sus casas. Uma forma de educar futuros cidadãos que pudessem aprender que seus direitos terminam onde começam os dos outros.
Afirmo que se conseguíssemos ensinar estes alunos o que é a verdadeira disciplina, poderíamos no dia de amanhã ter uma sociedade na qual seus cidadãos teriam autodisciplina. Disciplina não é nada mais que ter consciência dos limites. Para poder ensinar devemos primeiro educar, para poder educar devemos poder mostrar e estabelecer quais são os limites da sociedade na qual vivemos. Se um aluno tudo pode e com isto prejudicar a todos seus colegas, estamos ensinando ao adulto do amanhã que poderá fazer qualquer coisa sem sofrer nenhuma consequência.
E para finalizar uma pergunta que deixo no ar: Não acham que na nossa sociedade já existem pessoas demais que acreditam que podem fazer o que querem sem sofrer nenhuma consequência? É somente abrir o jornal, todos os dias, assistir televisão e ouvir rádio para saber a resposta.

4 Comments

  1. Carlos Alberto Isidoro Alonso said:

    — Pienso que las autoridades educativas saben perfectamente lo que pasa con respecto a todas Tus preguntas… pero,…. Me pregunto… quien le pone el ” cascabel al gato?” es mas fácil dejar pasar los problemas de conducta o los problemas de aprendizaje, … que Me imagino,… no son muy distintas en todos los países de nuestro, cada vez, mas permisivo mundo…
    … Pienso que parte del problema esta en la familia, ( célula fundamental de formación de cada uno de los educandos ) o no es mas fácil decir…. SI…. a todo,…. que sentarnos a conversar con cada uno de nuestros hijos?….
    … Y no le echemos toda la culpa al educando… Somos muchas veces los adultos los que no nos tomamos un tiempo para con ellos, …
    Tato,… en muchas ocasiones Veo a la hora de reunión familiar,… almuerzo… cena…. a los padres haciendo uso del móvil,… o de los diversos ,… nuevos medios de comunicación…
    … Una opinión directa… los docentes no siempre tienen el apoyo de los superiores,… llámese director, supervisor… No Te parece? Abrazo

    30 de agosto de 2017
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    • Querido Carlos: Por los frutos conocerás los árboles. En los colegios nos entregan frutos de diferentes especies y debemos prepararlos para enfrentar la vida. Los que no conocen educación piensan que podemos tratar a todos como si fueran iguales. Piensan en una línea de producción, cuando el verdadero educador debe ser un artesano. Trabajar pieza por pieza.
      Un abrazo

      31 de agosto de 2017
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  2. Mesquita said:

    Estimado professor Ricardo. Conjugando essa sua crônica com o que lemos e assistimos a cada dia e cada vez mais mostrado pela mídia, isso é um verdadeiro barril de pólvora. Tudo começa no seio da maioria das famílias, Pais mau educados (eleitores) produzem filhos duplamente mau educados. Os pais se sentem os verdadeiros mandantes da escola pelo fato de a manter financeiramente, e, por conseguinte, acham que todas as coisas que seus lindos rebentos façam é engraçado, cultural, criativo, normalíssimo, e todos têm que se curvar a tamanhos absurdos. Esse é o verdadeiro retrato do Brasil dos últimos tempos e os que tentarem consertar e/ou contra ele se rebelar, por mais razão que possa ter vai se fu… Ter dinheiro no Brasil é tudo menos cultura, faz tempo. Chegando seu tempo se aposente para assistir a toda essa canalhice de camarote. E tenhamos pena dos mestre que ficarem porque essa barbárie social quebra as regras de convívio da sociedade e vai ficar cada vez pior.

    30 de agosto de 2017
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    • Caro amigo: O verdadeiro educador é um artesão que trabalha cada um dos alunos como o que são, peças únicas da humanidade. Pena que os que têm o poder pensam na educação como se fosse uma linha de produção em série. Pobres professores que devem lidar com uma realidade totalmente diferente das elucubrações dos metidos a donos da educação.
      Abraços
      Ricardo

      31 de agosto de 2017
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