O que há por trás do descaso na educação?

Não sou partidário das teorias de conspiração, mas evidentemente existe alguma coisa orquestrada detrás do cenário que nos mostram da educação.
Imaginem um país de pessoas que soubessem ler e escrever. E que além disso tivessem condições de entender o que leem e escrevem. Seria interessante que também fosse possível que inferissem do lido.
Novo ensino médio é o último título da mudança na educação. Ridículo, não. Desde quando mudar simplesmente o nome de algo muda sua essência. Pensem um pouco, que governo no mundo, além dos totalitários, consegue enganar seu povo tanto quanto o nosso.
No programa de perguntas e respostas de Luciano Huck, vemos candidatos que realmente mostram nossa realidade. Todos vão na procura de ganhar um milhão de reais. Já tenho visto professores, doutores, profissionais formados em diversas áreas, até um tenente-coronel responsável pela informática da PM do Rio de Janeiro. Entendo que sendo um programa de conhecimentos gerais, é muito difícil saber tudo sobre todas as áreas. Eu, provavelmente, não passaria da quinta ou sexta pergunta já que sou um ignorante nas áreas de músicas, novelas e programas de auditório. Agora não entendo como profissionais formados não saibam o plural de uma palavra em português, ou dentre quatro opções não reconheçam o nome da nova procuradora geral do país. Especificamente, me refiro a um médico, poliglota (fala quatro idiomas), piloto, mestre em diversas especialidades e muitas áreas de interesse, que não soube o plural de uma palavra (simples) em português. No outro caso minha surpresa foi que um tenente-coronel da PM, não reconhecesse o nome da nova Procuradora Geral da República, sendo uma notícia recente, de repercussão nacional, e de sua área de interesse específica.
Até hoje sinto curiosidade. Quero saber, aprender, não me deixar surpreender pelas novidades da vida, que são muitas e que aparecem todos os dias. Vivemos numa época na qual pululam invenções, descobertas, novas fronteiras, novos mundos, novas teorias. Vivemos num mundo para pessoas curiosas. No entanto o formato da educação no nosso país está projetado para matar a curiosidade dos alunos. Não adianta dizer que mudamos o enfoque ou o conteúdo da educação se a máquina continua sendo a mesma. Não se pode dá-lhe o nome de Ferrari a um fusca 1950. O fusca 1950 continuará sendo um fusca, mas com o nome de Ferrari. A falta de condições de ler e escrever, assim como de inferir do povo, faz que continue dirigindo um fusca, mas agora com o nome de Ferrari. Mas, o mais interessante disto é que talvez um dia cheguemos a ter realmente uma Ferrari na área da educação, esse dia vamos descobrir que não temos pilotos preparados para dirigir uma. Quem sempre dirigiu um fusca, vão ficar sem saber como dirigir um Fórmula 1.
CURIOSIDADE. Capacidade de perguntar: POR QUE É ASSIM? POR QUE NÃO? COMO FOI? COMO SERÁ?
A educação somente pode ser boa quando seja baseada encima do que é aprendido nos lares. A curiosidade é algo que se inculca nas crianças desde que nascem, pelos seus pais, pelos seus avôs, pelo meio ambiente. Quando uma criança chega à escola sem curiosidade, sem esse anseio de saber, pouca coisa pode ser feita pelos professores. Hoje em dia eles fazem maravilhas, dirigindo fuscas, quando os pais pensam que os professores são pilotos de Fórmula 1 dirigindo Ferraris.
O dia que paremos de nos enganar achando que temos um projeto de educação, talvez esse dia comecemos a melhora. É como um doente, somente podemos começar a cura depois que o paciente aceite que está doente.

2 Comments

  1. Mesquita said:

    Caro professor, pelos contatos que fazemos diariamente, sejam sociais ou profissionais, facilmente observamos que os conhecimentos das pessoas além de regredirem, estacionarem, não acompanham a dinâmica do momento em que vivemos frente a multiplicidade de informações que recebemos diariamente. A televisão tem vários programas em que ficamos pasmos de ver quanta falta de conhecimento, informação, de cultura, pobreza de vocabulário para se expressarem, palavras pronunciadas erradas sejam no singular ou no plural, erros de concordância, etc. Costumo dizer que o que me preocupa é que essas mesmas pessoas estacionárias também votam. Adolescentes a partir dos dezesseis anos, sem formação, e adultos que mau sabem assinar o nome também votam! Triste país este Brasil. Os erros se multiplicam a cada dia e não vislumbramos uma solução ainda que tênue! Forte abraço.

    3 de outubro de 2017
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    • Caro amigo: A solução da educação leva uma ou duas gerações. Além disto deve existir a vontade do povo de ser mais instruído e mais culto. Enquanto no nosso país se pense mais em levar vantagem em tudo em lugar do que é melhor para a maioria seguiremos sendo pobres intelectualmente e espiritualmente.
      Outro parâmetro à ser seguido seria que os que tomam conta do dinheiro e do poder não ganhassem mais do que ganha um operário especializado. É impossível gerenciar qualquer sociedade com a diferença de ganhos e oportunidades que existem no nosso reino. O Brasil deve deixar de pensar como um reino e partir do princípio que realmente somos todos iguais perante a lei.
      Uma grande abraço

      4 de outubro de 2017
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