Direita ou esquerda

Talvez deveria ter titulado esta crônica como esquerda ou direita, porque de acordo como está a discussão entre a direita e a esquerda no nosso país, meus leitores podem pensar que por ter começado com a palavra direita em lugar da esquerda estou tentando influenciar subliminarmente aos meus leitores (que são bem poucos), mas nunca está demais esclarecer que optei por essa forma de escrever o título de acordo à ordem do abecedário.
Esclarecido este tópico tão importante, passo a dar minha opinião, que não é centrista, não é centro-esquerda ou centro-direita, ou radical de esquerda ou de direita. Eu sou um cidadão comum que observa que no Brasil, “país da igualdade”, não existe nem uma verdadeira igualdade, ou verdadeiras opções de política. Política é uma palavra que teve origem na palavra grega “polis”, cidade e que deveria significar o envolvimento do cidadão na coisa pública, e não como atualmente o uso da coisa pública por alguns poucos “cidadãos” que se autodenominam políticos.
Ou seja, a real divisão do poder no Brasil não está entre direita e esquerda, mas entre os autênticos cidadãos e os políticos. Quando no Brasil se exerce o poder do voto, não se está escolhendo alguém que nos represente, mas alguém que é político e vai representar alguém que defende os interesses dos políticos e não do cidadão comum.
Como esta camada da população consegue isto? Desde que o mundo é mundo a história se repete e o ser humano não aprende. Por que? Porque não lhe ensinam. O ser humano é dicotômico, ou seja, binário igual que os computadores feitos à nossa imagem e semelhança. A única forma de um ser humano ter consciência disto é através da escolarização. Falo escolarização porque é diferente da educação. Educação é aprender a viver numa comunidade e isso é aprendido nos nossos lares. Escolarização nos é dada pela sociedade, pela escola. Se o ser humano é escolarizado como ser binário e lhe damos uma escolha entre SIM e SIM, a tendência é que se limite a escolher um dos dois SIM, e não perceba que está escolhendo entre duas coisas iguais. Se o ser humano, em cambio, é escolarizado como um ser crítico perceberá que SIM e SIM são duas igualdades e que na realidade não há uma verdadeira escolha.
Imaginem uma fábrica de tintas industriais, e que seu novo presidente decide que a fábrica de pintura não fabricará mais tintas, senão produzirá carros de passeio. A simples decisão não mudará o resultado da fabricação, o máximo que acontecerá será que serão produzidas tintas industriais com o nome de carros de passeio. A mesma coisa acontece com uma eleição no Brasil, prometem que vão mudar o sistema da direita para esquerda, ou da esquerda para direita, mas a estrutura não muda porque o sistema produtivo não quer que mude. Meu prognóstico para as próximas eleições é: Ganhe quem ganhe, nada mudará, a corrupção continuará e o povo continuará sendo explorado pelos políticos de turno. Caso não mude realmente a máquina da educação e formação de nosso povo (nossa verdadeira estrutura de produção), tudo será igual.
Chegará o dia que poderemos escolher entre o certo e o errado e não entre errado e errado. Talvez escolher entre certo e certo.

Não acha?

4 Comments

  1. Mesquita said:

    Caro professor, muito interessante e oportuna essa sua crônica no momento em que nos aproximamos das eleições para presidente, senador, deputado federal, governador, deputado estadual e o povo ainda não aprendeu a identificar e separar o joio do trigo, principalmente os jovens em desenvolvimento. Se não houver mudanças rápidas e eficientes na educação (doméstica) e na instrução (escolar), tudo que estamos assistindo continuará ainda por tempo indeterminado. Os poderes no Brasil: Executivo , Legislativo e o Judiciário, , não se entendem entre si como deveriam, causando mais problemas e despesas do que soluções para a sociedade, com sérios reflexos nos jovens em formação. É o chamado sistema, e é triste pensarmos como os jovens se sairão nas suas tomadas de decisões diante de tudo isso que aí está. Ah, agora temos o quarto poder, o Carcerário, já pensou? Forte abraço.

    19 de fevereiro de 2018
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    • Realmente sua resposta me fez pensar. Você chamou de quarto poder o Carcerário, que tomou da imprensa esse título. Mas em realidade existe somente um poder, o poder do povo. O problema é que não ensinamos ao povo a exercer-lo.
      Um abraço
      Ricardo

      20 de fevereiro de 2018
      Reply
  2. Carminha said:

    Muito bem analisado e expostas as ideias. Concordo, pois ao se tomar partido de um lado ou outro da polarização esquerda/direita só se está defendendo este ou outro bandido. Na verdade pouco fazem de efetivo para o povo.

    17 de fevereiro de 2018
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    • É minha amiga, assim é. Enquanto não ensinemos aos nossos alunos a terem espírito crítico, continuaram a serem conduzidos como gado a escravidão intelectual, que leva a escravidão da dependência.
      Um grande abraço.
      Ricardo

      18 de fevereiro de 2018
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