Liberdade?

Na última aula antes das férias perguntei aos meus alunos quanto tempo fazia que a escravidão tinha acabado no Brasil. Quase todos sabiam até a data, depois perguntei se eles se consideravam livres, e a grande maioria respondeu que sim, e alguns que se não fosse pelos pais também se considerariam livres (adolescentes descobrindo limites). Depois destas respostas lhes disse que em realidade a vida é a procura da liberdade, pois somente ela nos faz felizes. A suposta busca pela felicidade na realidade é encontrar o caminho da liberdade, pois esse caminho nos permitirá encontrar a ansiada felicidade.
Rostos com expressões de surpresa, nos quais encontrei desenhada a pergunta: por que? Rapidamente para não perder esse raro momento de curiosidade, dentro do espírito adormecido pelas redes sociais, decidi tentar explicar o que era escravidão versus liberdade.
Em primeiro lugar a escravidão ou liberdade é uma decisão pessoal. Discussão criada, argumentos e ideias lançadas na sala. Ótimo ambiente para aprendizagem.
Conclusões: existem vários tipos de escravidão. Escravidão espiritual, intelectual, cultural, física, entre outras provenientes dos vícios e dependências do ser humano. A liberdade física foi decretada há mais de um século atrás no Brasil, e ainda existem pessoas em regime de escravidão física. A liberdade plena não existe, temos a tendência de sermos escravos de nossas emoções, de nossas carências, ressentimentos, ansiedades, ambições, dúvidas, temores e até de nossas virtudes e qualidades. E quem não se sentiu preso as obrigações familiares e de amizades? Algumas vezes nos exigem mais do que podemos dar, outras somos nós que exigimos mais do que nos podem oferecer.
Quando trabalhamos naquilo que gostamos é uma benção, mas quando temos um superior que impõe fazer algo em lugar de incentivar-nos transforma-se a paixão em obrigação; o prazer se transforma em escravidão.
Ser livre ou ser escravo depende da educação, porque a pior escravidão de todas, no meu entender, é a que nos é imposta pela cultura alheia. Meus alunos estudam português, inglês e espanhol, junto com as culturas que esses idiomas trazem consigo, mas eles só representam 5% da população de nosso país. O 95% restante mal fala o idioma nacional, falam dialetos, quéchua, guarani, outras línguas indígenas e/ou idiomas dos imigrantes que colonizaram Brasil. Crisol de culturas dirigidos por pessoas que não compreendem a cultura e as necessidades do povo em que vivem. Seus olhos e mentes estão moldados em ver as necessidades de culturas estranhas ao resto do país. Como Miguel Fuentes escreveu numa oportunidade: – Somos filhos dos barcos, sempre pensando no retorno.
A única liberdade que conheço é a que nos dá o amor, aquela que nos faz pensar nas necessidades do amado. Exemplos de libertação pelo amor: São Paulo, Santo Agostinho, Gandhi, Mandela, Martin Luther King, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, São Francisco de Assis e tantos outros na história da humanidade.

E você, meu amigo é livre ou escravo?

Boa semana.

4 Comments

  1. Mesquita said:

    Caro Professor, como bem comenta, liberdade plena não existe, dependendo diretamente da educação, conhecimentos, conduta e experiências de cada individuo. Como é sabido, a vida é um eterno aprendizado, ora nos surpreendendo, ora nos encantando, entristecendo ou angustiando, conforme o estado de espírito e momento de cada um. Ademais a liberdade exige sabermos enfrentar o medo que consiste na não aceitação da incerteza em muitos momentos da vida. Valendo lembrar que a humanidade está cada vez mais embrutecida, o que interfere diretamente nos nossos bons pensamentos e boas atitudes, gerando um indesejável clima de insensibilidade. Ótima crônica, parabéns. Forte abraço.

    12 de julho de 2017
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    • Como Nietzche diz: “Deus está morto, fomos nós que o matamos” Ergo o homem é totalmente livre. Somos prisioneiros de nossa própria humanidade, de nossos defeitos e temores. Eles são os que nos ajudam a crescer e superar-nos ou deixamos que eles nos façam sucumbir. Somos simplesmente livres para escolher entre um caminho ou outro em todas as encruzilhadas de nossa vida.
      Um forte abraço

      12 de julho de 2017
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  2. Carlos Alberto Isidoro Alonso said:

    … Buena pregunta Pariente… para pensar….

    11 de julho de 2017
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    • Sí mi querido primo, es para pensar si somos realmente libres.

      11 de julho de 2017
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