Fanatismo ou relativizar

Estamos sendo bombardeados com notícias e informações que tentam fazer que deixemos de pensar com clareza. As opções que querem que pensemos que são as únicas são: fanatizarmos ou aprender a relativizar os acontecimentos. Exemplo: dois meses atrás tínhamos manifestações contrárias ao Lula e ao PT chamando-os de ladrões e quadrilheiros. Os partidários da esquerda relativizavam dizendo que tudo era manobra da direita e que Lula é a melhor opção para o país e o PT um partido digno de confiança. Agora são os petistas, Lulistas e esquerdistas em geral solicitando a cabeça de Temer, associados e de toda a direita. A resposta relativista é que somente há algumas maçãs podres e que Temer deu um jeito na desordem que a esquerda deixou. Os dois lados usam do fanatismo para deixar-nos cegos e não ver a realidade. Ao mesmo tempo relativizam os fatos para que não os afetem. Fulano roubou. Qual é o problema? Desde Cabral (não o governador, mas o descobridor) se rouba neste país. O jornalismo também não ajuda muito, porque um atentado em Inglaterra que mata 34 pessoas dá manchete. No Brasil tivemos mais de 3.300 assassinados nos últimos cinco meses (IPEA), mais do que todos os mortos em todos os atentados do mundo! Todos sabem do atentado de Londres, mas a maioria da população brasileira ignora nossa realidade, porque as notícias relativizam as informações. Ou não queremos constatar a verdade que para nossas autoridades (políticas, econômicas, sociais, etecetera) a vida de um europeu é muito mais valiosa do que a de um brasileiro.
Como se pode defender qualquer governo que permite a quantidade de pessoas que morrem por dia no sistema único de saúde por mal atendimento? Não por culpa dos médicos, mas por falta de infraestrutura, manutenção, medicamentos, médicos, enfermeiras. Como se pode defender fanaticamente qualquer governo que pague salários de miséria aos profissionais da saúde e colocá-los depois na linha de frente sem o material adequado para exercer sua profissão. Como podemos aceitar que os governantes venham a relativizar os problemas que sofre o povo na área da saúde, educação e segurança.
O que se vê no Rio de Janeiro, quando quadrilhas de traficantes lutam entre si para conseguir novos territórios para praticar seus atos criminosos, não é mais que reprodução local do que acontece ao nível nacional. Quando há eleições no Brasil a impressão que dá é que quadrilhas disputam o poder para que aquele que ganhe, possa durante o período do seu mandato, tirar todo o proveito pessoal possível. As armas que usam, não são armas convencionais, são o fanatismo e a relativização. Através do fanatismo conseguem seguidores que não pensam, que são até capazes de negar o óbvio em função do seu comprometimento absoluto de fidelidade. Com a relativização conseguem tirar a importância da verdade, reduzindo-a a um acontecimento sem importância.
Darei um exemplo. O Alcorão diz que se alguém matar uma pessoa é como matar toda a humanidade. Na Bíblia existe o mandamento: Não matarás.
Atualmente existe algo mais insignificante que uma vida humana? É o resultado do fanatismo e da relativização. Duas armas poderosas com as que se mata e rouba cada vez mais. E você meu amigo, é um fanático, alguém que relativiza, ou um ser humano que enxerga a vida como ela é, e não como os outros querem que você a veja.

Boa semana.

2 Comments

  1. Mesquita said:

    Professor Ricardo, suas colocações não ficam só no fanatismo e na relativização. Tem ainda a ignorância e a superstição. O número de apedeutas no nosso país, nas diversas camadas, supera todas as expectativas, chegando a ser constrangedor, além de pelo voto serem responsáveis diretos por aqueles que estão lá dentro do Congresso Nacional. Quanto aos assassinatos no país nos primeiros cinco meses do ano deve ser algo em torno de 33.000 e não 3.300, quando a média anual nos últimos dois anos foi em torno de 60.000. Inglaterra: 3 atentados e 34 mortes em 73 dias. Pernambuco/Brasil: zero atentado e 1.168 mortes em 73 dias! Hoje a mídia fala em 5.000 de janeiro a maio! Vergonha, para o governo que tem! Segurança pública hoje no país é uma calamidade. Só não vê quem não quer. Um verdadeiro salve-se quem puder. Forte abraço.

    8 de junho de 2017
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    • Caro amigo: Obrigado pelos esclarecimentos. Realmente fica difícil ter acesso a informações corretas em qualquer área, já que com estadísticas pode-se demonstrar qualquer coisa, depende de como a usemos. A realidade é que o roubo, a vida humana, a educação, a saúde e a segurança tem sofrido um processo de banalização no nosso país. O problema é que a população se tem acostumado com isto e aceita passivamente.
      Um abraço
      Ricardo

      9 de junho de 2017
      Reply

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