Preparando alunos para o futuro?

Cada vez que leio nos jornais as notícias de como nossos políticos estão legislando para beneficiar a educação, me sinto como se mestres da construção estivessem analisando e tratando do futuro da minha saúde. Não tenho ideia de quanto tempo faz que se está discutindo o novo plano curricular brasileiro, para unifica-lo em todo o país e dar igualdade de oportunidades aos jovens de nosso país.
Gostaria de fazer algumas considerações, com toda a humildade possível, já que como todos os seres humanos, ninguém é dono da verdade.
A primeira é que de acordo com a velocidade dos avanços tecnológicos as profissões mais requisitadas daqui a 20 anos, ainda não nasceram.
A segunda é que se nos últimos 500 anos não tivemos a capacidade de dar as mesmas oportunidades aos jovens deste país, será impossível faze-lo simplesmente por decreto.
A terceira é que pelo tamanho continental de nossa terra, existem características regionais que formam um conjunto de retalhos com diferenças culturais, de idiossincrasia e de necessidades que impossibilitam ter uma uniformidade de ensino.
A quarta e não por ser a última da minha lista, é que se devido à divina providência chegamos a poder oferecer aos nossos alunos uma uniformidade de infraestrutura material e de condições sociais, teríamos primeiro que resolver o grave problema dos professores.
No primeiro caso, não é necessário que se façam muitos esclarecimentos já que 20 anos atrás ninguém imaginaria que os jovens que brincavam com computadores hoje sejam os profissionais melhor pagos na nossa sociedade. Essa minha observação se justifica por si mesma. Observo aos meus netos e não consigo aconselhar qual profissão devem escolher, nem imagino em que estarão trabalhando daqui a duas décadas.
Na segunda das minhas observações, têm que desculpar que seja cético, já que a história comprova a inépcia de nossos administradores do erário público.
A terceira os que falam são: as inúmeras imigrações, o crisol de raças, a profunda diferenças sociais e econômicas das regiões de nosso país, e até a diversidade de dialetos que se falam no nosso território. E não estou falando do português que se fala em parte das cidades, falo dos dialetos do dia a dia nos interiores longínquos e afastados onde o poder público não chega. E quando digo isto estou falando metaforicamente, já que nas comunidades dos grandes centros urbanos, caso não fale o dialeto certo pode até ser morto.
E o último tema é o dos professores, que depois de tanto tempo de serem menosprezados pela nossa sociedade, a impressão que tenho é que perderam sua autoestima, tanto que se sometem, muitas vezes a ganhar por hora de trabalho menos que operários da construção. Estão desgastados pelo número incontável de aulas que devem dar diariamente, seis ou até sete dias por semana, para levar um pouco de dinheiro para seus lares. E quando chegam os aguardam muitas horas de corrigir provas, preparar exercícios e testes, além de estudar muito, pois quem para de estudar na sociedade atual está destinado a desaparecer. E por fim devem lidar com muitos alunos que não foram educados em seus lares e nem têm motivação de seus pais para estudar, somente sentem que são obrigados a frequentar a escola para obter um diploma.
Pobre país o nosso, que os ignorantes do tema querem legislar para educar.

Boa semana

2 Comments

  1. Mesquita said:

    Excelente crônica professor Ricardo. Muito triste e desconfortável a situação da remuneração dos professores. O menosprezo da sociedade não é só com os professores, infelizmente é com quase tudo. Basta que observemos o que a mídia nos apresenta diariamente. Entenda o que é o brasileiro: semana passada a votação para um paredão de um big brother foi de 107 milhões. Votos contra a Reforma da Previdência e Terceirização menos de dois milhões. Realidade nua e crua da falência da sociedade. É lastimável e essa é a razão do país está como estamos assistindo. Conforme o vídeo do Rossano que lhe passei, as escolas estão cheias de déspotas que os pais não souberam educar, que inversamente dirigem seus pais, que não toleram que suas vontades sejam contrariadas e assim querem fazer o mesmo com os professores. Haja paciência. Forte abraço.

    10 de abril de 2017
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    • Caro Mesquita: Falta bom senso na educação. E bom senso é o que realmente devemos ensinar.
      Abraços
      Ricardo

      11 de abril de 2017
      Reply

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