Autorretrato

Quando fazemos um autorretrato descrevemos o que vemos no espelho da nossa mente. Muitas vezes a opinião que temos de nós mesmos é muito diferente da que têm outras pessoas. Fico surpreso que quando falo de alguma característica minha, na qual acredito profundamente, algum ser querido diz: “Você não é nada assim, é justamente o contrário. ”
Se isso acontece comigo, será que também acontece com o resto das pessoas? Isto é falta de autoconhecimento? Falta de introspecção? Ou será carência de saber quem realmente somos?
Quando observo algumas atitudes de pessoas públicas percebo que várias são piores do que eu. Tento fazer autoanálise para cada dia ser mais consciente de quem eu sou, das minhas virtudes e meus defeitos. Não concordo muito com a maneira de ser de pessoas que vivem dizendo: “Eu sou assim, quem gosta bem e quem não f…-se.”
Acredito na evolução e melhoria de cada um de nós no transcurso da vida, caso contrário não haveria sentido no viver.
Outro dia estava dando uma aula sobre o vocabulário das características pessoais, que normalmente as pessoas usariam para fazer um autorretrato, e pedi aos meus alunos que fizessem um exercício rápido de como eles se descreveriam. Foi interessante e instrutivo ver quão pouca noção temos de nós mesmos, somos mais conscientes e preocupados de como os outros nos vêm.
Sinto uma enorme curiosidade de saber como alguns ministros, autoridades atuais e passadas se descreveriam a si mesmos. Talvez uma boa prática de vida seria fazer um autorretrato cada seis meses, desta maneira poderíamos praticar o autoconhecimento e melhorar a consciência de quem realmente somos.
Assim quando uma autoridade recebesse suborno, teria noção que é ele próprio quem o recebe, e não as circunstâncias do cargo que o levam a embolsar um dinheiro ilícito. Uma pessoa que critica outra por causa da cor da pele, poderia participar de um concurso no qual em um grupo de 50 pessoas, escolhidas aleatoriamente, pudesse separa-las em dez grupos que tivessem a mesma tonalidade de pele.
Caro leitor e amigo. Acredito que depois de tantos anos de compartir ideais e pensamentos, posso considerá-lo também um amigo. Você já tentou fazer seu autorretrato? Não desenhado, mas escrito com palavras, descrevendo-se como você se vê, não só fisicamente, mas intelectual e espiritualmente. Tente, depois leia a sós, e logo mostre a um ser que o ame e lhe pergunte o que acha. Talvez dessa maneira descubra onde deve melhorar. Fiz isso e estou trabalhando para no próximo ficar mais perto da realidade.

Boa semana.

4 Comments

  1. Mesquita said:

    Caro Professor,muito interessante mais essa sua crônica. Imenso é o número de pessoas, públicas ou não, que precisariam fazer esse auto retrato, principalmente os políticos, com certeza. Muitos nunca o fizeram, outros fazem e melhoram, enquanto outros não mudam e até pioram. Tem aqueles que até fazem, se conscientizam de seus senões, prometem mudar e tudo continua no mesmo, ou pior. Quanto a mim, aos 8.1, já não faço mais esse meu auto retrato, deixando para que os parentes e amigos o façam. Acho que meus pontos fortes maiores superam com folga os menores. Hoje gozo do estacionamento e fila para idoso, quando muitos ainda acham que estou furando a fila! O bom seria que aqueles que nos analisam se analisassem primeiro. É a vida. Forte abraço.

    6 de maio de 2018
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    • Caro amigo: Somos dois que temos permissão de usar o estacionamento para idosos. Agora com a nova lei você com mais de 80 me leva vantagem e devo deixar que passe na minha frente, já que somente tenho 71. De qualquer maneira aprendi que a medida que vamos ficando mais jovens em tempo que nos resta de vida, ficamos mais indulgentes. Por esse motivo gosto de fazer meu autorretrato já que o espelho me faz cada dia mais concessões e me desculpa mais. O fato que pensem que está furando fila mostra muito bem que sempre conserva a jovialidade que o faz parecer muito mais novo. Um grande abraço de alguém que também está desfrutando da terceira juventude.
      Seu irmão Ricardo

      6 de maio de 2018
      Reply
      • Antonio Valmario said:

        Caro amigo Ricardo. Oportuno texto para tempos de mídias alucinantes que nos prometem mais que nunca tornar-nos seres conectados. O exercício que você sugere é a base de todo e qualquer conhecimento real e que estabelece a fronteira dinâmica entre o Eu e o Outro. Além da natural dificuldade e exigência a sua proposta traz um complicador adicional…. Encontrar alguém que o ame… Quem que não se conhece, é capaz de amar a si e por extensão ao outro ?… Quem sabe tema para uma futura e brilhante crônica sua? Um grande abraço. Antonio

        8 de maio de 2018
      • Caro amigo: É muito difícil conhecer-se a si mesmo, muito mais é conhecer o outro. A vida é a viagem do autoconhecimento, alguns conseguem chegar e outros ficam tentando. O problema não está nestes, mas sim naqueles que acham que já se conhecem. Um abraço. Ricardo

        17 de maio de 2018

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