Cheguei à conclusão que vivemos numa era que poderíamos chamar de “Fora de contexto”.
É impressionante como as discussões tem deixado de ser uma discussão: “Exame de um assunto por meio de argumentos. Argumentação que tem por fim chegar à verdade; debate.”
Atualmente ninguém ouve os argumentos doutro, respondemos com verdades absolutas que não podem ser discutidas e assim chegamos ao limite da exacerbação: “Ação ou efeito de irritar; exasperação.” Ou seja, chegamos à intolerância: “Intransigência contra pessoas que têm opiniões, atitudes, ideologia, crenças religiosas etc. diferentes da maioria.”
Antes de continuar quero pedir desculpas por usar tantas vezes o dicionário, mas tenho a impressão que o que está faltando é o uso do mesmo antes de emitir opiniões ou entrar em discussões. As pessoas estão querendo discutir temas importantes utilizando palavras, que, ou não conhecem seu significado, ou as utilizam fora de contexto. Isso se chama ignorância: “Estado daquele a quem falta conhecimento, saber ou instrução. Ausência de conhecimento em relação a um domínio específico.”
O mais surpreendente é que toda esta situação que estamos vivendo vem sendo provocada pela elite intelectual de nosso país. O que não é surpresa, já que somos produto de muitos anos de descaso na educação e hoje temos que viver com suas consequências. As pessoas confundem ideologia com sistema de governo, argumentar com imposição, espírito crítico com aceitação passiva de ideias predeterminadas, e assim por diante. O povo por seu lado clama por educação e explicações claras, assim como soluções rápidas de nossos problemas, e observa abismado uma luta pelo poder de pessoas que somente querem defender as benesses de uma minoria intelectual ou econômica de nosso país, sem enxergar às necessidades básicas dos mais humildes.
Poucas vozes se levantam contra esta leitura de nosso dia-a-dia fora de contexto e que quer adequá-la e vende-la como se fosse uma representação concreta de nossa realidade. Historicamente tem-se demonstrado que Maria Antonieta nunca disse a frase: “Se não têm pão, porque não comem brioches?”. Não acham que poderia ouvir-se a nossos governantes presentes e passados dizendo-a quando olham para às necessidades de nosso povo?
E você meu amigo leitor consegue entender o contexto da nossa realidade?
Reflexão muito pertinente, Ricardo! Na realidade, estamos fora de contexto pois o contexto é incoerente, contraditório em relação equilíbrio social porque é individualista e tendencioso . Vivemos numa sociedade cujos valores fundamentais se afastaram do bem e da verdade em todos os níveis : das elites políticas, econômicas e intelectuais às bases incultas e pouco educadas… Pena ! Nós precisamos continuar a acreditar, no entanto, que podemos fazer a diferença simplesmente porque somos professores, não é mesmo? Grande abraço!
Estimada Fernanda: Obrigado pelos teus comentários. Muito pertinentes. Acredito que todos os professores possuem
a mesma vocação de ensinar aos jovens a caminhar pela vida enfrentando e reconhecendo as diferenças, mas sem perder
o rumo do que é certo e do que errado.
Grande abraço.
Belo texto Ricardo. A agregar somente a lembrança de que a supressão ou redução de materias como historia geral, geografia geral e os clássicos da literatura mundial em muito contribui para o baixo espírito critico e a consequente dificuldade dr identificar o problema dentro de uma equação de causas, consequências e razões.
Caro amigo: Observações corretas as suas. A través da leitura e compreensão textual dos temas importantes é um dos caminhos à seguir.
Há poucas coisas que gosto da educação dos Estados Unidos, é a costume de ter equipes de debate desde os primeiros anos de estudo permite
praticar colocar-se no lugar doutro e aprender a defender com argumentos válidos as posições adversárias.
Um grande abraço e obrigado pela sua colaboração.
Ricardo
Caro professor, “fora de contexto” é uma constante neste país nos mais variados assuntos e segmentos da sociedade e da nossa república, a começar pela mídia espúria que está sempre distorcendo os fatos, numa clara e visível atitude do “quanto pior melhor”. Valeu sua crônica, forte abraço.
É uma pena que nosso país viva uma situação destas. A verdade é vestida de mentiras e dúvidas enquanto a mentira é disfarçada de certezas e meias verdades. Um grande abraço.
Belo texto, Ricardo. Bravo!
Obrigado meu amigo.
Ricardo